Archive for the ‘Praia da Estação’ Category

Praia da Estação numa esquina da Piauí_66

março 6, 2012

Odoiá nas montanhas

Banhistas de Belo Horizonte oferecem prefeito a Iemanjá

por NUNO MANNA

Dois de fevereiro, como cantou Caymmi, é dia de festa no mar. No fim daquela tarde de quinta, os banhistas da Praia da Estação estavam a postos para saudar Iemanjá. Com toalhas coloridas, velas aromáticas brancas e azuis, flores e uma bandeira do Brasil, foi improvisado um altar. Sobre ele, uma imagem da homenageada voltada para a água. Devotos diligentes distribuíam incensos, sal grosso e ramos de manjericão aos participantes da celebração.

Muitos trajavam roupas nas cores da Rainha do Mar, ainda que a ideia de sincretismo fosse levada muito a sério por alguns – um rapaz vestia um ojá na cabeça e uma camiseta branca com a frase “Toca Raul!” sob uma imagem do Maluco Beleza. Quando já havia mais de uma centena de devotos reunidos, o grupo saiu em procissão. Um homem vestido de camisu puxou o cortejo carregando a estatueta. Acompanhado de tambores, o grupo cantava em homenagem a Janaína e jogava pétalas de flores enquanto caminhava lentamente.

O festejo poderia se confundir com qualquer outra comemoração do dia de Iemanjá no litoral brasileiro, não estivessem os devotos no Centro de Belo Horizonte, a 450 quilômetros do oceano Atlântico. O palco da celebração foi a Praça da Estação, uma das principais da capital mineira, que ocupa uma área de 12 mil metros quadrados e tem no centro uma estátua de bronze em homenagem aos inconfidentes, na qual se lê, em latim, a inscrição “Montanheiros estão sempre livres”. A única água que se vê por ali é a que jorra das fontes da praça.

A esplanada foi transformada em balneário pela primeira vez em janeiro de 2010. A manifestação foi uma reação a um decreto do prefeito Marcio Lacerda proibindo a realização de eventos de qualquer natureza no local, depois de reclamações de barulho e bagunça feitas por moradores da região e por representantes de um museu situado na praça. Para justificar a interdição, alegou-se “a dificuldade em limitar o número de pessoas e garantir a segurança pública” e “a depredação do patrimônio público verificada em decorrência dos últimos eventos realizados na Praça”. A medida suscitou reações indignadas na internet e não demorou até que um blog convocasse os descontentes a ocupar a rebatizada Praia da Estação.

Com o sucesso do evento, a praça passou a ser frequentada aos sábados por banhistas de biquíni e sunga, bronzeando-se em cangas e cadeiras de praia. Em vez do frescobol, os mineiros preferem jogar peteca ou frisbee à beira-mar. Não faltam vendedores ambulantes, rodas de samba e ciclistas passeando pela orla imaginária – tudo sem os inconvenientes da água salgada ou da areia pregando no corpo.

Nas primeiras edições da Praia da Estação, os veranistas encontraram uma guarda municipal disposta a impedir a reunião. Os policiais chegaram a cercar a praça com fita de isolamento, mas acabaram cedendo diante do argumento de que um tanto de gente reunida, a rigor, não configurava um evento. Até que encontraram um raciocínio engenhoso para esvaziar a praia: cadeiras e barracas são mobiliário urbano; se tem mobiliário urbano na praça, é evento; e evento não pode. Mas a resistência se saiu com um contra-argumento não menos esperto: na praça não pode, mas, se o mobiliário não ficasse no chão da praça, não estaria na praça. E lá se foram os manifestantes segurando cadeiras e tendas no ar. Noutra tentativa de boicotar o evento, os guardas resolveram desligar as fontes. Mas um chapéu não tardou a correr entre os presentes e um caminhão-pipa veio refrescar a multidão, pela bagatela de 150 reais.

m setembro de 2011, o prefeito Lacerda sancionou, enfim, aquela que ficou conhecida como Lei da Praça Livre, que permite a realização de eventos de pequeno porte nos espaços públicos da cidade sem depender de autorização municipal. Mas era tarde demais: àquela altura, a Praia da Estação já tinha se firmado como ponto de encontro dos críticos da prefeitura. Enquanto tomam cerveja e comem salgadinhos, os veranistas reclamam da perseguição aos moradores de rua, do transporte público deficitário, da privatização da saúde e da educação e das obras para a Copa. Estão determinados a mostrar que povo na rua não é sinônimo de problema. “Se a gente não ocupar os espaços de volta, passaremos a viver em guetos, do condomínio para o shopping, do shopping para o trabalho”, defendeu o publicitário Ezequiel d’Oliveira, de 34 anos.

A manifestação tem sido recebida com espírito esportivo pelo poder público. Por meio de sua assessoria de imprensa, Marcio Lacerda fez saber que “a prefeitura considera esse movimento normal, parte de todo regime democrático”, acrescentando que as críticas feitas pelos banhistas à sua gestão são “não procedentes”.

Com a liberação da praça, os embates com os responsáveis pela ordem se restringiram a episódios pontuais. Num sábado de verão, um banhista se empolgou com as fontes e quis furar uma onda peladão – ato que lhe valeu a prisão por atentado ao pudor. Em solidariedade, um grupo se juntou para protestar com os já tradicionais gritos de resistência do balneário mineiro. “Ei, polícia / A praia é uma delícia!”, entoaram, emendando com a paródia de um velho sucesso do grupo de pagode Os Morenos: “Tira a farda brim, bota um fio dental / Polícia, você é tão sensual.”

Naquela tarde, mais de 500 pessoas se bronzeavam diante do mar inexistente. Um rapaz, ao encontrar seus amigos junto ao Monumento à Terra Mineira, comentou: “A maré tá baixa hoje, hein?” Um boneco grisalho, de óculos de grau e terno, trazido por uma moça fez sucesso. Era a cara do prefeito. Chamado de Lacerdinha, era saudado por onde passava. Ao fim do dia, foi visto pendurado numa das árvores da praça, enforcado por um biquíni de bolinhas.

(http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-66/esquina/odoia-nas-montanhas)

Bloco da Praia 2012: Carnaval é Política

fevereiro 22, 2012

A bola da vez:

julho 2, 2011

QUALQUER COINCIDÊNCIA É MERA SEMELHANÇA!! NÃO AO NEPOTISMO!!

Prévia do Impeachment de Márcio Lacerda

julho 1, 2011

Praia da Estação + Roda de discussão

Mocidade independente de Belo Horizonte,

Como muitos já devem saber, a última do nosso digníssimo prefeito foi a nomeação do próprio filho – Tiago Lacerda – para o cargo de presidente do Comitê Executivo da Copa em BH (ou seja, diretamente responsável pelo gerenciamento da montanha de grana direcionada às obras do Mundial).

Todos nós sabemos o que significa um cargo desses em termos de poder e influência. Muitos de nós expressamos, durante a semana, nossa indignação com o fato, via Facebook. Numa das conversas, surgiu a idéia de uma edição da Praia da Estação, no próximo sábado, dia 2 (amanhã!) a partir das 11h, para discutir esses e outros assuntos relacionados às práticas da atual administração. Motivo é o que não falta pra conversa e protesto nesse momento: as denúncias de irregularidades nas obras do Mineirão (feitas pelo TCE) e todos os absurdos denunciados pelo pessoal do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa são só a ponta do iceberg.

Então. Bora lá ocupar a cidade e inventar outras?

Como sempre, biquínis, cangas,  maiôs e trajes de banho em geral são bem vindos. Assim como instrumentos musicais, idéias, tinta, sonhos, cartazes, perguntas, brinquedos, indignação, protetor solar, alegria…

Vem! Vem! Pra praia vem! 

A Tradição Praiera Insurgente de Belo Horizonte

maio 28, 2011

por coletivo [conjunto vazio]

(o presente texto não pretende ser uma versão definitiva sobre as movimentações de Belo Horizonte, principalmente sobre a Praia da Estação, já que sua proposta desde o início era a de não eliminar os vários discursos e motivações que a compunham )

Belo Horizonte, no início de 2010 foi tomada pela Praia da Estação, ação aliando estética e política com a proposta de questionar os processos higienizadores que a cidade passa (cujo um dos pontos mais evidentes foi o decreto Nº 13.798 DE 09 DE DEZEMBRO DE 2009 do prefeito Márcio Lacerda que proibia “eventos de qualquer natureza” na Praça da Estação). Durante quase um ano (mesmo que com alguns períodos esparsos) pessoas vestidas com roupas de banho, cadeiras de praia e guarda-sóis aproveitavam as manhãs de sábado para ocuparem a praça de uma forma divertida e debater sobre questões relativas à cidade.

É verdade que a Praia permitiu vários e preciosos encontros e a partir dela muitas articulações foram organizadas, por outro lado, isso não impediu que depois de alguns meses ocorresse um certo apaziguamento de suas propostas, fato que acabou transparecendo na recepção da Praia como apenas mais um evento cultural e fetichizado (um risco que já havia sido tratado pelo próprio [conjunto vazio] em um texto publicado logo após a primeira Praia e que outras pessoas também haviam apontado) .

O que deveria ser um espaço aberto para vivenciar e discutir a utilização da cidade acabou por se tornar um local mais para ver e ser visto, um point obrigatório e descolado. A apreensão da imprensa muitas vezes ajudou a reforçar apenas esse lado festivo, a reportagem da revista Encontro intitulada “Até Parece A Lapa” aparece como a mais sintomática nesse aspecto. A matéria não expõe, nem mesmo superficialmente,as críticas feitas ao Prefeito Márcio Lacerda que com seus mandos e desmandos foi o mote para a primeira praia, no relato da revista jovens aparecem, como que em um passe de mágica,usando trajes de banho e tomando sol na Praça com o intuito de revitalizar o Centro.

Também nos parece significativo que vários banhistas da Praia fossem sistematicamente convidados para participarem de debates sobre os novos rumos da cultura na cidade. Alinhando discursos com os de alguns grupos artisticos, os quais não vão além da crítica reformista e mais preocupados comas leis de incentivo e a “classe artistica”. Muitas dessas discussões acabavam por personalizar prefeito Márcio Lacerda como “o” inimigo, atacando apenas a representação do poder. É absolutamente claro que o prefeito faz uma das gestões mais desastrosas e totalmente alinhada com os interesses mercadológicos, mas não nos parece uma boa estratégia elegê-lo como o único e maior mal da cidade, como se bastasse apenas trocar o prefeito para que os problemas de Belo Horizonte se resolvessem .

Não se trata de negar o caráter estético e alegre que a Praia TAMBÉM teve, mas de explicitar a hipótese de que houve a perda de um potencial político e questionador em prol de seu lado cultural e lúdico. Importante frisar que para muitos dos frequentadores da Praia e das pessoas que a discute (no blog e na lista de e-mails), isso não é de fato uma questão relevante, mas nos parece problemático que uma movimentação com um tamanho potencial agregador e crítico seja tomada apenas como mais uma atração divertida no final de semana. Ou seja, ao invés da Praia (e das relações que se criaram dentro dela) conter críticas revestidas de um senso festivo e estético, sua inversão a transformou em um produto cultural com leve um verniz crítico.

O que se chamou e o que se pretendia como constituição de um movimento, não conseguiu dar um passo a frente em direção a uma crítica mais radical, contundente e aprofundada, tampouco conseguiu dialogar com outras agitações da cidade e com outros locais da cidade (mesmo que se tenha tentado, e é necessário destacar, outras ações como o “Que Trem é esse?” e a Praia no Aglomerado da Serra). Novamente, cabe dizer que também não sabemos qual seria esse próximo passo e o problema permanece aberto ( sem que isso seja um demérito, pelo contrário, só nos instiga a propor mais questionamentos e ações).

Cabe aqui então desmontar a idéia de “novidade”, que acaba por fascinar muita gente e nublar as discussões, historicizando e dando a ver uma série de ações questionadoras da cidade que já continham uma estética “praiera”. Então, apresentaremos um pequeno panorama do que chamamos (pomposamente e de maneira idiota) de “Tradição Praiera Insurgente” .

Não morreremos na Praia!



Grupo Galpão – Queremos Praia

Em 1989, o Grupo Galpão criou o happening “Queremos Praia”. O grupo convidou atores e bailarinos de vários grupos teatrais de Belo Horizonte para essa intervenção urbana, realizada na Savassi e na Praça Sete. Todos vestidos em trajes de banho, saem às ruas convocando a população para um protesto em que reivindicavam a criação de uma “praia” em Belo Horizonte.



Lotes Vagos

“Lotes Vagos” foi um documentário de 2006, realizado por Ines Linke e Louise Ganz que retratam a ocupação de seis lotes vagos. Esses lotes tinham tamanhos e características diversas, estavam espalhados por vários bairros da cidade e em cada um foi dado um uso específico, tentando fazer dialogar esse lote com o espaço em torno. Em um desses lotes, foi criado uma praia, com piscina de plástico, espreguiçadeiras e guarda-sóis.



[conjunto vazio] – A Ilha

O coletivo [conjunto vazio] em meados de 2008 realizou a intervenção urbana “A Ilha”, que se propôs a ocupar rotatórias e espaços aparentemente sem uso.

Com uma proposta bem simples, ocupávamos a cidade com nossos amigos, avós e alguns traseuntes para uma tarde divertida e despretensiosa.



Banho de Sol na Praça Raul Soares

 Em julho de 2008 a designer Márcia Amaral ia de maiô à praça Raul Soares, aproveitar a fonte e o sol. Reivindicava o uso e a tomada desse espaço, para que famílias fizessem piqueniques, que as crianças, cadeiras e cangas pudessem ficar no gramado (ainda hoje não é permitido utilizar o gramado). Em agosto de 2008, Marta foi presa enquanto tomava sol na praça, segundo os policiais por desacato à autoridade.



Coletivo Azucrina – Rotatória de Praia

O coletivo Azucrina em dezembrol de 2009 promoveu a rotatória de Praia (importante frisar que o coletivo já estava a alguns anos fazendo festas temáticas e shows em rotatórias), que ocupou com shows a Praça da Estação.



Praia da Estação


Iniciada em 16 de janeiro de 2010, a Praia da Estação é uma ação direta, uma festiva e lúdica forma de ocupar a cidade.



Praia Atlântico Clube

Intervenção artistica realizada por Ines Linke, Louise Ganz e Daniel Carneiro em agosto de 2010 que transformou um espaço clube-praia com a intenção de discutir temas como consumo, espaços urbanos e lazer. Foram vendidas cotas para se tornar sócio do clube por R$0,50.



Praia da Estação em Coronel Fabriciano

Em maio de 2011 inspirados pela Praia da Estação de Belo Horizonte alunos de Arquitetura da Unileste-MG realizaram uma praia na Praça da Estação de Coronel Fabriciano na “17ª Semana Integrada de Arquitetura“.


Piscinão de Ramos em Belo Horizonte

Se você acha a Praia da Estação elitista, não tem mais desculpa: venha para o Piscinão de Ramos da Rodoviária!” em tom de humor e ao mesmo tempo crítico, o Piscinão de Ramos de Belo Horizonte é herdeiro direto da Praça da Estação. A partir da constatação de que era pouco discutir e ocupar apenas a Praça da Estação, sua proposta é levar a praia para um um lugar visto apenas como de passagem, onde habitualmente apenas mendigos e prostitutas se aventuram a permanecer.

Fonte:  http://comjuntovazio.wordpress.com/2011/05/28/tradicao-praiera

Relato sincero de uma banhista assídua.

maio 18, 2011

( Breve observação da praça em dias de outono,pós praia!)

Depois da praia, a praça nunca mais foi a mesma.

Talvez não tenha sido a praça o que mudou, ás vezes foi o meu olhar sobre ela.

Agora, aqui, eu busco os sorrisos molhados dos banhistas.

As flores nas roupas e nos cabelos das meninas.

O arco-íris no meio da fonte.

Agora eu SINTO o vento que balança os cabelos de quem passa por mim.

Hoje,  a praça da estação é colorida, como ela sempre ficou com as cangas estendidas sobre o cimento abatido pelo sol.

O som daqui são as marchinhas cantadas em coro pelas pessoas a fim de alegrar a cidade silenciosa.

No fundo; as montanhas que complementam o cenário de prédios.

Nosso mar não é salgado.

Mas nosso povo é doce.

E se alguém desacredita da magia desse lugar, deveria no verão, se dar o prazer de vestir um calção e vir pra praia da estação!

E eu lhes garanto…

Depois da praia, a CIDADE nunca mais será a mesma!

Manifesto Macumba

março 18, 2011

Marcio Lacerda, prefeito da capital

Queremos lhe mostrar o carnaval.

Veja esta cidade feliz

Do jeito que você não quis.

 

Lacerda vamos lhe pedir em forma de reza

Um mantra, macumba pra ver se pega.

 

Lacerda seu desmiolado

Não deixe o parque fechado.

 

Lacerda seu incoerente

Libere a praça pra gente.

 

Lacerda seu mentiroso

Não derrube a mata do Cardoso.

 

Lacerda você nos une

Reforme o Chico Nunes.

 

Lacerda amigo dos empreiteiros

O centro precisa de banheiros.

 

Lacerda amigo do Aécio e do Pimentel

Nós vamos te internar no Pinel.

 

Lacerda isso não ta certo

Derruba o decreto!

 

Este texto foi lido em coro na porta da PBH no sábado de carnaval. A idéia inicial era lavar a escadaria, mas por algum motivo inexplicável nenhum caminhão pipa animou ir até lá. Lavamos a escadaria em gesto simbólico, mas nossas reivindicações são sérias.  Por tanto Sr. Lacerda, tome tento, mude de postura, não adianta tentar tampar o sol com a peneira, ou com publicidade enganosa.

 

Para quem ainda não entendeu a Lei de limitação de uso da Praça da Estação.

janeiro 27, 2011

Aqui é possível ler na integra a Portaria SARMU-S Nº 02/2010 publicada no DOM.

A parte que segue, grifos nossos, demonstra onde a PBH se confunde.

Art.3º – Compete ao interessado na realização dos eventos previstos no art. 2º desta Portaria a apresentação de projeto, informando a finalidade do evento, o público estimado, a duração, inclusive o prazo destinado à montagem, à desmontagem e à limpeza.

§1º – O projeto deverá conter, sem embargo de outras exigências previstas no Decreto Municipal nº 13.792/09, ainda:

I – planta de localização de todos os equipamentos a serem utilizados;

II – planta de localização dos banheiros químicos a serem utilizados, observada a proporção mínima de 1 (um) banheiro químico para cada 100 pessoas, não podendo ser instalados sobre o piso da Praça; (1)

III – planta de cercamento por tapume ou outro material, a critério da Administração Pública, dos jardins, árvores e monumentos da Praça da Estação e da Praça Rui Barbosa, observada a altura mínima de 1.80 m (um metro e oitenta centímetros);

IV – planta de cercamento delimitando a área do evento, visando permitir o controle do número de pessoas, bem como o acesso ao Museu de Artes e Ofícios, à Estação do Metrô e a circulação de pedestres, observada a altura mínima de 1.80 m (um metro e oitenta centímetros); (2)

V – parecer favorável da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte – BHTRANS;

VI – projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais;(3)

VII – projeto do mecanismo a ser empregado visando à proteção das fontes e do piso;

VIII – projeto de segurança, particular e/ou pública, para proteção dos participantes, do patrimônio e dos transeuntes, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART; (4)

IX – projeto de palco, equipamentos de amplificação de som e iluminação ou quaisquer outros relativos à montagem;

X – projeto dos engenhos de publicidade a serem utilizados durante o evento. (5)

§2º – A solicitação, acompanhada do projeto, deverá ser apresentada à Secretaria de Administração Regional Municipal Centro-Sul com antecedência mínima de 30 dias úteis, em relação à data do evento.

§3º – A autorização a que alude o inciso III do art. 2º desta Portaria está condicionada, ao pagamento de preço público fixado pelo Decreto nº 13.961, de 4 de maio de 2010, sem embargo dos demais tributos pertinentes.(6)

§4º – Autorizada a utilização da Praça da Estação, caberá ao interessado, na hipótese de evento previsto no inciso III do art. 2º desta Portaria, realizar, sob pena de caducidade, caução em dinheiro, nos termos do § 10 do art. 4º do Decreto nº 13.792/09, observados os valores mínimos definidos no Anexo Único desta Portaria, no prazo de 20 dias, que antecede a data do evento.

§5º – Na hipótese de insuficiência da caução para assegurar o ressarcimento pelos danos causados, o interessado será intimado a depositar a diferença em até 10 dias úteis após apuração do valor do prejuízo, sob pena de cobrança judicial.

§6º – A garantia prestada será devolvida ao interessado se, de acordo com a vistoria que se realizará após o evento, não forem detectados danos.

 

Art. 4º – O interessado deverá portar os documentos arrolados no § 1º do art. 3º desta Portaria durante todo o tempo de realização do evento e enquanto em curso a montagem e desmontagem.

Art. 5º – O interessado é o responsável pela realização da limpeza da Praça da Estação, da Praça Rui Barbosa e dos quarteirões adjacentes (Ruas dos Guaicurus, dos Caetés, da Bahia, Aarão Reis e Av. dos Andradas). (7)

§1º – A limpeza deverá ser realizada imediatamente após o término das atividades do evento, com varrição, lavagem do piso e coleta dos resíduos sólidos.

§ 2º – Descumprido o dever estabelecido no “caput” deste artigo, poderá o Município realizar a limpeza às expensas do responsável, executando, se for o caso, a caução em dinheiro. (8)

 

1. Esta planta deveria ser fornecida pela Prefeitura, com a indicação técnica dos locais onde devem ser instalados os equipamentos.  A Prefeitura além de gestora do lugar é responsável pela sua estrutura e deve conhecê-la. A exigência dessa planta é uma burocracia para desestimular a utilização da Praça, além de onerar os organizadores dos eventos.

2. As justificativas para o cercamento, encontradas no início do documento, e nunca comprovadas, são afirmação aleatórias, já mostraram serem resolvidas de outras formas. Apresentarei estas nos outros números. É importante percebermos que a partir deste momento a Praça vira um espaço particular. Esta exigência além de descabida onera muito a realização de qualquer evento na Praça. Agora, imagine a mão de obra para se montar e desmontar tudo isso, além do tempo, o barulho e o caos na Praça.

3. Como foi recomendado no número 1, sendo a planta fornecida pela prefeitura, já estaria aprovada pela PM, Corpo de Bombeiros e BHTrans e o projeto seria executado dentro dessas normas. Inclusive a PM, os Bombeiros e a BHTrans já têm planos especiais para agir naquele espaço de acordo com a sua estrutura.

4. Segurança particular? Mas e a PM? E a Guarda Municipal? Aliás, Guarda Municipal Patrimonial, criada e preparada para proteger os patrimônios públicos! Será que o monumento foi depredado por inoperância da Guarda ou apenas por ter um evento na Praça? A idéia de contratar segurança particular é uma maneira da Prefeitura se eximir da responsabilidade de proteger os Monumentos Públicos e o cidadão. Não há uma justificativa plausível para tamanho desdém com o bem público, melhor deixar outro cuidar, já que não dão conta. Ah, e claro não podemos esquecer como isso onera qualquer evento.

5. Estes espaços também deveriam ser sugeridos e indicados pela Prefeitura, para que respeitassem os monumentos ao redor. Mas a prefeitura prefere terceirizar esta ação para se eximir da responsabilidade e de quebra criar mais um empecilho para a realização de eventos na Praça.

6. Mais adiante veremos que esta taxa é um cheque calção que pode ser devolvido. Mas a questão é a seguinte: cobrar para a utilização de um espaço público? Aliás, um espaço público construído para receber grandes eventos. A justificativa para que a Prefeitura fique com o caução é muito interessante: caso os organizadores do evento não dêem conta de realizar todas as exigências da PBH, o cheque é usado para pagar tais gastos.

7. A Superintendência de Limpeza Urbana não deveria fazer isso? Aliás, já não faz?

8. Ah, sim, a SLU já faz a limpeza.

A idéia de exigir a limpeza das vias públicas por uma empresa particular é mais uma forma de onerar a organização e impedir a realização de eventos.

Conclusão:

A PBH não quer que sejam realizados eventos de grande porte na Praça que foi projetada para tal uso.

No áudio da reunião do dia 22 de julho de 2010 Lacerda afirma que durante o ano de 2009 foram 56 eventos religiosos na Praça e estes fazem barulho e perturbam o Museu de Artes e Ofícios. Segundo o Prefeito não dá para ir ao museu com música na Praça.

Mas se o museu foi construído depois da Praça, se é um acervo particular em prédio público, porque tem prioridade sobre o espaço público?

Em BH o público vira privado de acordo com o financiado.

E ao final desta história há uma coisa brilhante. Se a PBH entender que o evento é de interesse público, ela paga tudo, cercamento, segurança, limpeza e etc… Mas quem decide o que é ou não de interesse público é o Prefeito, que se julga senhor absoluto dessas cercanias.

Aproveitamos para lhe garantir Prefeito: iremos acompanhar cada um de seus deslizes e até este decreto ser mudado com o fim do cercamento e da exigência de segurança particular em espaço público, e a garantia de manutenção e limpeza da Praça pela PBH, trataremos de divulgar as suas ações para mais belorizontinos.

Assim feito, temos certeza que não conseguirás reeleger sucessores.

Veja bem, o senhor reduziu a verba da Secretaria de parques e jardins em 2009 e agora, em 2010 uma árvore caiu sobre uma senhora no Parque Municipal, fato inédito na cidade e que demonstra o seu descaso com o lazer e bem estar do cidadão.

 

 

…E PRA VOCÊ, MEU IRMÃO, O QUE É A PRAIA DA ESTAÇÃO?

dezembro 20, 2010

Longe de ser um “movimento organizado” de indivíduos com um único e mesmo objetivo, a Praia da Estação parece ser a confluência de uma heterogeneidade de pessoas que dão a ela sentidos e significados diversos…

Compartilhe aí nos comentários o modo como você vê e desfruta desse fenômeno praieiro e quais as suas possibilidades de desdobramentos!

Água pra cima! Água pra baixo!

dezembro 17, 2010

 

Caminhões-pipa são bacanas. Frescor de verão na praça sem fonte.

Símbolo forte de novas aspirações da cidade, em Praia na praça pública. Passa-se o chapéu e, se a soma das contribuições alcança o preço do serviço privado, está contratado, ao dispor da branca medianidade belo-horizontina. Serviço contratado para se divertir e lavar… as mãos, o ego, o tédio da praça sitiada, as fachadas da corrupção, como pudemos fazer diante do prédio da PBH. Para abater o sol latejante e combater (rindo de seus quentes uniformes de ordem sob o calor escaldante do sábado!) as carrancudas guardas, a estúpida puliça.

 

 

Caminhões-pipa são sacanas. Terror do chão debaixo da ponte.

Na madrugada de uma sexta-feira para um sábado de Praia, o jato d’água varre o chão, que não mais se prestará a cama. Um caminhão-pipa da PBH evacua o viaduto Santa Tereza, expulsa quem queira estar dormido debaixo daquelas estruturas. O jato que sai dali não refresca ninguém, não é acolhido pelas canções e palavras de ordem contra o lacerdismo. O fato da surdina noturna evade, escorre água pelas bocas-de-lobo, e quem não é bobo corre, vai embora ligeiramente, antes que o cobertor fique molhado, antes que a situação fique sujeira. Não há casa a quem não tem casa. Se a rua é o único abrigo, não o é para quem nela mora. Lavar o chão: velho método empregado em muitas das grandes cidades que passam por processos de “revitalização”, muito similar às muretas anti-mendigos de São Paulo, um pouco diferentes dos tiroteios recorrentes no Rio de Janeiro (se lembram da Candelária?), talvez parecido com os caminhões-pipa que atiram água contra manifestantes em qualquer outro lugar.

 

Pergunta:  qual desses caminhões é mais capaz de higienizar? Aquele que lava as mãos ou aquele que lava o chão?