Archive for the ‘Controle e repressão’ Category

Pé na jaca

abril 15, 2013

Reportagem na revista Piauí de abril de 2013, disponível em http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-79/esquina/a-fila-da-jaca

A fila da jaca

Em Belo Horizonte, um cadastro organiza o acesso à coisa pública

por Nuno Manna

São seis da manhã de uma terça-feira de março, e os primeiros visitantes começam a circular pelas aleias do Parque Municipal Américo Renné Giannetti – uma grande área verde em pleno Centro de Belo Horizonte. No prédio administrativo, um funcionário recebe um senhor e o conduz até o depósito onde há equipamentos de jardinagem e quatro grandes barris de plástico verde. Ele pergunta o nome do visitante e confere se está na lista. Em seguida destampa um dos barris, de onde exala um cheiro forte, e tira dali um fruto esverdea-do de casca grossa, do tamanho de um leitão. É tempo de jaca, e é chegada a vez daquele cidadão.

Um a um, outros visitantes se apresentam à administração. Ao encarar o porte da fruta que lhe foi reservada, um jovem, despreparado, se assusta. “Levar isso no ônibus vai ser fogo.” Mas o assistente administrativo Wallace Barbosa vem em seu socorro. Escolhe uma jaca mais modesta e entrega ao rapaz, que sai dali equilibrando a fruta nas duas mãos. Aos 24 anos, o baiano Barbosa é uma peça central na gestão das jacas do Parque Municipal. Não fosse pela sua diligência, a fila não andaria.

Barbosa faz funcionar o procedimento criado pela administração do parque para regular a cobiça irrefreável dos visitantes pelos frutos de suas dez jaqueiras. A fim de garantir o acesso democrático ao patrimônio público, foi instituído há mais de vinte anos um cadastro de pretendentes. Quem quisesse jaca que se inscrevesse e aguardasse a vez de colocar as mãos na graúda. No dia da sorte grande, o telefo-ne traria a boa-nova: uma jaca madura aguardava o felizardo na administração, pronta para ser levada para casa.

Ultimamente, porém, o sistema não vinha funcionando bem. Como a temporada de jacas só vai de janeiro a março e o número de inscritos era grande, as jaqueiras não estavam dando conta de atender à demanda crescente. A espera entre o cadastro e a entrega da fruta podia chegar a anos. No fim de 2011, havia mais de mil sem-jaca registrados no livro de cadastros.

Naquele ano, numa tentativa de colocar ordem na casa, a administração decretou a moratória de inscrições. As jacas das últimas temporadas se destinariam a honrar os pedidos já protocolados. Muitos tinham se inscrito há tanto tempo que não apareceram para buscar o prêmio. “Às vezes a pessoa já tinha morrido, mudado”, disse Barbosa.

Quando chegou a temporada de jacas deste ano, a administração decidiu adotar uma medida extrema. Zerou a lista de espera e estabeleceu um novo método de entrega. Agora, o nome dos interessados é recolhido ao longo da semana. Na segunda-feira, quando o parque fecha para o público, as jacas maduras são colhidas. A terça é o dia que os inscritos têm para buscá-las, por ordem de chegada. O precipitado que aparecer sem ter feito cadastro é convidado a se inscrever na lista da semana seguinte, para não prejudicar quem já aguardava a vez. O ciclo é retomado a cada semana, enquanto houver frutas no pé.

 

A jaqueira é natural da Índia e foi trazida ao Brasil durante a colonização portuguesa. É uma árvore de até 20 metros de altura que dá frutos de sabor pronunciado e textura viscosa que não deixam ninguém indiferente. Uma jaca caprichada pode chegar a 15 quilos. Temerariamente, ficam suspensas a muitos metros de altura. Em lugares públicos, convém que sejam colhidas antes que se espatifem sobre a cabeça de um desavisado.

No Parque Municipal, os jardineiros que colhem as frutas maduras estão sempre alertas, manejando uma vara de bambu de mais de 6 metros para alcançar as mais altas. Para colher uma jaca, eles cutucam a dita com uma vara a-fiada na ponta (uma chacoalhada no galho ajuda a desprender as mais renitentes). No solo, uma espécie de tapete de lona apara as frutas, que costumam resistir incólumes à queda.

Todo o cuidado não impede que, vez ou outra, um fruto caia espontaneamente (não há registro recente de vítimas no parque). Quando o inevitável acontece, as regras do cadastro deixam de valer. “Se estiver no chão, pode levar”, explicou Barbosa. Mas os guardas municipais que circulam pelo Parque Municipal não têm tolerância com quem tentar furar a fila e cutucar as jaqueiras com seu próprio bambu.A administração teme especialmente os moradores de rua que habitam o parque – um total de 215 pessoas, segundo o úl-timo censo feito pela Guarda. Como o cadastro dispensa comprovante de endereço, Barbosa lembrou que nada impede que eles sigam os requerimentos formais para postular legitimamente uma fruta.

Enquanto caminhava lentamente à sombra das jaqueiras, Barbosa metralhou a explicação dos procedimentos necessários para o cadastro sem tropeçar em nenhuma sílaba, com um sotaque baiano residual atenuado por dez anos vivendo em Minas. O assistente contou que de vinte a trinta jacas foram distribuídas por semana na temporada 2013. “Pela quantidade que ainda resta, vai ter jaca até as primeiras semanas de abril”, sentenciou.

Quando aparece uma jaca muito volumosa, Barbosa pode se oferecer para parti-la ao meio. “Facilita o transporte e assim mais gente leva jaca para casa.” O funcionário disse ainda que, às vezes, a administração dá prioridade a pedidos emergenciais de idosos ou gestantes, mesmo que não seja terça-feira. “Grávida, né? Tem que atender.” A generosidade já lhe rendeu potes de doce de jaca e outros mimos em retribuição.

Quando a procura não está alta, os funcionários do parque aproveitam para se incluir na partilha. Para Barbosa, porém, trabalhar com o nariz nas jacas não é uma tentação. O baiano contou que na casa de sua avó há muito mais que dez jaqueiras, e que ele já comeu sua cota. Mas chamou a atenção para uma virtude pouco lembrada da fruta: laçar o coração de uma mulher. “Na próxima coleta, vou levar para a namorada. Estou só esperando aparecer uma bem madurinha.”

Terceira edição do Juventude Okupa a Cidade! Qual é o seu grito?

abril 8, 2012

Vem aí a terceira edição do Juventude Okupa a Cidade! Qual é o seu grito – 13 de abril. 19:00hs Centro Cultural da UFMG. Contras todas as formas de violência e opressão! Contra o extermínio da juventude!

Acessem – www.okupa.concatena.org

 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=eubA9mLrXt4

Fantasia de Carnaval de BH, nas melhores casas do ramo!!

fevereiro 14, 2012

A bola da vez:

julho 2, 2011

QUALQUER COINCIDÊNCIA É MERA SEMELHANÇA!! NÃO AO NEPOTISMO!!

Prévia do Impeachment de Márcio Lacerda

julho 1, 2011

Praia da Estação + Roda de discussão

Mocidade independente de Belo Horizonte,

Como muitos já devem saber, a última do nosso digníssimo prefeito foi a nomeação do próprio filho – Tiago Lacerda – para o cargo de presidente do Comitê Executivo da Copa em BH (ou seja, diretamente responsável pelo gerenciamento da montanha de grana direcionada às obras do Mundial).

Todos nós sabemos o que significa um cargo desses em termos de poder e influência. Muitos de nós expressamos, durante a semana, nossa indignação com o fato, via Facebook. Numa das conversas, surgiu a idéia de uma edição da Praia da Estação, no próximo sábado, dia 2 (amanhã!) a partir das 11h, para discutir esses e outros assuntos relacionados às práticas da atual administração. Motivo é o que não falta pra conversa e protesto nesse momento: as denúncias de irregularidades nas obras do Mineirão (feitas pelo TCE) e todos os absurdos denunciados pelo pessoal do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa são só a ponta do iceberg.

Então. Bora lá ocupar a cidade e inventar outras?

Como sempre, biquínis, cangas,  maiôs e trajes de banho em geral são bem vindos. Assim como instrumentos musicais, idéias, tinta, sonhos, cartazes, perguntas, brinquedos, indignação, protetor solar, alegria…

Vem! Vem! Pra praia vem! 

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz! Coragem, coragem, eu sei que você pode mais!

junho 21, 2011

Click e ouça a trilha. 

O histórico do povo Brasileiro nas ruas é logo e muito importante, apesar de escondido pela mídia. Existe uma vontade de mostrar um povo bom e pacífico, ordeiro e acomodado. Ah, o Brasileiro prefere uma cerveja a lutar por seus direitos. Mentira!

Esquecem dos estudantes que lutaram contra a ditadura, da eterna luta dos professores, que já foram recebidos por jatos d’água no centro de Belo Horizonte, a mando do então Governador Tancredo Neves, na década de 80. Esquecem da Greve dos Pedreiros de 1979, quando em dois dias Belo Horizonte parou com a revolta dos trabalhadores que pediam; segurança e melhores condições de trabalho. Esquecem a luta pelas Diretas Já, menos beligerante, mas fundamental para o fim do Regime Militar e ainda o Impeachment Collor. Aqui é preciso lembrar que o movimento estudantil, que ficou conhecido como “caras pintadas”, só foi televisionado depois de quatro meses de constantes manifestações, quando Sinhá Mídia percebeu que não dava mais para esconder a onda de manifestações que ocorria em todo o Brasil.

Os tempos mudaram, um operário virou Presidente, as manifestações ficaram mais brandas, os movimentos Sindicais acomodados, os Grêmios Estudantis também foram aparelhados por diversos partidos. Durante a primeira década do novo século apenas os movimentos sociais apartidários mantiveram combativos. Todo Primeiro de Maio há uma grande marcha de trabalhadores em todo o País, que não sai na mídia. Este ano, por exemplo, eram quase duas mil pessoas acampadas na porta da Assembléia Legislativa de Minas, durante três dias e não saiu nada nos Jornais.

Aliás, parece que os jornalistas aceitaram de vez o cabresto dos patrões. Hoje temosem Minas Geraisa luta dos Professores Estaduais, dos Policiais, Militares, Civis e Bombeiros e nada disso sai nas mídias. E ainda, a luta dos assentamentos em risco de despejo, dos Barraqueiros do Mineirão, dos Artesãos e Moradores de rua. Como também não saiu quase nada sobre a Manifestação pela Liberdade de Expressão que aconteceu dia 18 de junho no centro de BH.

A Marcha surgiu da proibição da Marcha da Maconha, reprimida com violência em várias capitais, mas não defendia apenas a liberação da Cannabis, lutava pelo direito de livre expressão, coisa que muita gente não entendeu. E havia outra Marcha, no mesmo dia e que se encontraram na Praça da Estação. A Marcha das Vagabundas ou SlutWalk é um protesto que surgiu no Canadá depois que um Policial afirmou em uma palestra que as mulheres incentivavam o estupro com suas roupas.

Homens e mulheres, de todas as idades e classes sociais, da zona sul aos moradores de rua, do Movimento pelo direito das Mulheres ao Comitê Popular dos Atingidos Pela Copa 2014, uma diversidade de gritos ecoando juntos. E com tantos desejos diferentes havia algo em comum, a luta pela Liberdade! Contra um estado opressor e elitista que governa de acordo com multinacionais e interesses econômicos. Mas nem todo mundo percebeu a beleza dessa diversidade e não entenderam que lutamos juntos.

O que aconteceu em frente a Prefeitura de BH foi triste, lamentável e mostra o perigo de termos um prefeito que vê a cidade como uma empresa e trata os cidadão como público alvo. No caso, alvo das cacetadas e spray de pimenta da guarda municipal. Uma guarda despreparada e truculenta, arrogante e prepotente, igual a seu comandante maior, o prefeito. Pois na porta da prefeitura, quando manifestantes mais combativos ameaçavam invadir a escadaria, – nunca entendi porque limitam a manifestação ao passeio, toda vez é a mesmo coisa – quatro guardas se sentiram ameaçados e sacaram seus cassetetes sobre os manifestantes. Logo o confronto ampliou e o que era uma “briga” entre dois sujeitos de lado opostos, virou um tumulto generalizado. Outros guardas se juntaram ao mais valente lacerdista e com sprays em punho miravam os olhos dos manifestantes. O que se viu em seguida é algo grotesco. Os guardas não tentavam manter a ordem, tentavam agredir os manifestantes, tomaram a questão como pessoal. Neste vídeo é possível ver o que rolou. Depois de muito spray, até contra eles mesmos, pois o despreparo é tanto que acertaram o próprio colega de farda, a PMMG interveio e separou. Pasmem! A Polícia Militar foi obrigada a proteger os cidadãos da agressividade da guarda municipal!

E aqui rendo uma homenagem aos comandantes militares que acompanharam a manifestação. Graças a eles menos gente apanhou! E ao final a PM ainda fez mais bonito, se retirou e deixou a rua fechada para o povo! E isso foi outra demonstração de civilidade, para quem precisa aprender a manifestar na rua.

Ocorreu o seguinte, a manifestação saiu da porta da prefeitura, alguns “lideres de Facebook” puxaram a Marcha e deixaram vários manifestantes para trás, abandonados a própria sorte. Outros, percebendo a falta de companheirismo, voltaram e se juntaram aos sujeitos que lavavam o rosto e olhos de spray. Juntamente com os PMs que os protegiam da sanha da guarda municipal se reintegraram a manifestação.

A Avenida João Pinheiro, que já foi Avenida da Liberdade, foi tomada e a manifestação chegou até o Palácio. Interditaram a faixa de trânsito sentido centro/savassi, ali continuamos a manifestar e a gritar palavras de ordem. A PM, fazendo o seu papel, exigia a liberação de uma pista. Alguns manifestantes concordaram, não achavam correto fechar o trânsito e tentavam convencer os demais, alguns já incorporados como porta vozes do movimento.

A PM sugeriu duas opções: ficar por ali mais 15 minutos e depois irmos para a Praça da Liberdade ou ficar o tempo que quiséssemos e liberar uma faixa imediatamente. Os porta vozes iam e vinham com as propostas, o povo assentou no chão e quando perguntados sobre quanto tempo ficariam, um coro ressoou: até a Copa! até a Copa! até a Copa! Os porta vozes se indignaram: como assim, levem a sério, o Choque vem ai, não podemos fechar o trânsito totalmente! Pense nas pessoas que precisam passar de carro aqui.

Insatisfeitos com os manifestantes que não arredavam a bunda do chão, um a um, os porta vozes foram se retirando. A “liderança de Facebook” recolheu seu megafone e foi embora. Com a bola do jogo – megafone – debaixo do braço saíram da contenda, fizeram certo, aquilo não era para eles. Aquela manifestação era para gente de fibra e coragem. Era coisa de mulher que sofre preconceito todo dia, de negro que não aceita mais ser discriminado, de morador de rua que tem seus pertences roubados pela prefeitura, de barraqueiros do entorno do Mineirão que perderam sua fonte de renda, de cidadão indignado que não admitem que o governo esconda suas contas e da população pobre que está sendo expulsa da cidade em prol de grandes empreendimentos. Aquela não era uma luta por uma bolinha, é uma luta contra uma bolada! Uma bolada de desrespeitos que sofremos todos os dias, que às vezes nem percebemos e que vai aos poucos nos aprisionando.

Depois que os sujeitos donos da bola, que acreditavam serem também os donos da manifestação, se retiraram, a coisa mudou. Um cidadão, gente fina, disponibilizou um novo megafone e quem quis pode se expressar. Dos mais de 800 manifestantes, restaram aproximadamente 200, das cinco viaturas da PM, apenas uma. O trânsito foi desviado no quarteirão de baixo e não houve o dito confronto. Com megafone em punho, as minorias presentes se manifestaram por mais de uma hora, prazo maior que o prometido; pelos diretos das mulheres, dos negros, dos professores, dos moradores de rua, das famílias ameaçadas de despejo, contra os abusos de toda a ordem para a realização da Copa. A diversidade de falas, de cores, de bandeiras, de gente, mostra um povo que está amadurecendo, que luta junto, que entende o outro, que respeita e está se juntando. Ao final, todos deram as mãos e fizeram uma grande ciranda que tomou as faixas nos dois sentidos em frente ao Palácio e de longe uma viatura da PM assistia, tranquilamente. Desconfio que muitos deles, que estão em luta salarial e por melhores condições de trabalho, também queriam dar as mãos naquela ciranda da diversidade!

A cada cidadão que participou daquele momento a minha saudação e certeza: começamos bem e vamos contaminar! Este vídeo ficou muito bonito!

Na selva de pedra, não se pode morrer na natureza?

fevereiro 17, 2011

“Após morte, prefeito decide interditar Parque Municipal de Belo Horizonte” (Via Comercial)

 

 

“Uma mulher morreu depois de ser atingida por uma árvore de grande porte, na manhã desta quarta-feira, dentro do Parque Municipal, no Centro de Belo Horizonte. O acidente aconteceu na entrada da Alameda Ezequiel Dias, quando a vítima fazia caminhada no parque. Um grupo percebeu que a árvore estava caindo e avisou a mulher. Ela tentou correr, mas foi atingida pelo tronco do jatobá de aproximadamente 20 metros.” (Estado de Minas)

 

Não existe nenhum mistério em dizer que a única certeza que carregamos nessa vida é a de que vamos morrer. Mas, muito pouco tem se discutido a respeito das possibilidades reais que nos são oferecidas de morte na cidade.

Dentre elas, podemos citar assassinad@s, “suicidad@s”, envenenad@s (seja letalmente ou lentamente com a poluição que nos rodeia),  abortad@s, e a lista de hipóteses a qual me refiro não termina por aqui. Muito pelo contrário, para mim e meus companheir@s de caminhada (talvez tão companheir@s quanto a mulher que um dia caminhou felizmente no parque municipal), a morte começa com a CIDADE.

Ora, por que? Talvez porque nosso egocentrismo seja a razão da morte da própria vida em sua totalidade. Não é de hoje que critico, assim como muit@s que escrevem aqui, das obras faraônicas do deserto que está se tornando Belo Horizonte por conta da troca de nosso ouro por espelhos e quinquilharias importadas “Made in China, EUA ou qualquer outra superpotência da escravidão mundial”.

O ouro de que falo, talvez não brilhe tanto quanto aquele mineral tão valioso para aqueles que acham que dinheiro vale tudo – Permitam-me aqui ressuscitar a magia da vida e gerar uma alquimia com as palavras – falo daquele ouro que pode e tem todas as cores do arco-iris, a NATUREZA. E os espelhos e quinquilharias de que falo são nada mais nada menos que o ouro mineral que para alguns vale tanto quanto notas de dólare$, euro$ ou (ir)reai$.

É isso que estamos usando como moeda de troca, abrindo mão do conforto e da naturalidade de nosso arco-iris em troca do cinza high tech feito para copas do mundo que talvez pouco se interessam em preservar o meio ambiente, os ciclos orgânicos e as culturas não-hegemônicas tão diferente e tão igual a de noss@s indi@s e negr@s nesses 5 séculos e pouco de escravidão.

Pode parecer balela o que digo, fazendo uma correlação entre a morte acidental, ou melhor, natural, pois diria que há mais naturalidade em morrer esmagad@ por uma árvore do que por carros, concreto ou outra coisa monótona ou sem vida, da senhora que faleceu dessa maneira no Parque Municipal, um dos únicos pontos onde ainda HÁ VIDA NO CENTRO DA CIDADE. Como amig@ das praças muito pouco arborizadas, não deixo de me indignar com o fechamento do Parque Municipal de Belo Horizonte que só ” (…) reabre em abril.” (Hoje em dia), porque o tão conhecido “colonizador burguês” Márcio la(…) merdou mais uma vez dizendo que “uma força-tarefa seja formada para investigar a situação das 3.700 árvores da área. Não há ainda informações sobre os órgãos que irão compor esse grupo nem quanto tempo será necessário para concluir o mapeamento das espécies e adotar as medidas necessárias para garantir segurança à população.” (Via Comercial)

 

E o que dizer da morte NATURAL da ÁRVORE em questão, ou dos outros seres vivos, ou infinitas mortes de Homo “sapiens”? que vemos todos os dias nos espaços cimentados da capital? Porque eles não ganham noticia trágica e nem fazem parar as principais vias de tráfego de Belo Horizonte quando alguem morre, por exemplo, numa porrada de frente, entre ônibus e gente? Porque o corpo de bombeiros, a prefeitura e orgãos (in)competentes não mandam interditar, por tempo indeterminado, as BR’s, avenidas e ruas sob sua jurisdição e responsabilidade no que diz respeito a SEGURANÇA quando alguem morre nelas?

 

ENTÃO, PORQUE INTERDITAR O NOSSO PARQUE?

 

Faço aqui um manifesto em defesa da natureza exuberante e certamente muito mais segura e viva que qualque obra que o egocentrismo das mãos humanas já produzida. E se alguém morreu por causa dela, tenho plena certeza que deve estar descansando em paz, diferente de mim, que desejaria poder fugir ao menos um pouco do caos da vida no centro de BH me embrenhando e deitando para um suave cochilo ou prazerosa e menos arriscada (comparada a uma rua ou calçada urbana) caminhada na mata preservada que me permite respirar ar mais puro, ver cores mais vivas e beber águas mais limpas nos meus intervalos de escravidão moderna como trabalhadorx, estudante, e antes de tudo como SER (e não TER) human@, coisa comum a qualquer umx que está lendo esse manifesto.

 

Celebremos a vida e a morte da cidade, e tenhamos ciência ou fé de até quando estamos ajudando ou atrapalhando a naturalidade cíclica pela qual elas acontecem.

 

“Boulevard arrudas” não foi só o começo, e a interdição do parque não será o fim. Abaixo os colonizadores! sejamos nós, noss@s propri@s CACIQUES nessa selva.

 

I JUCA-PIRAMA (Gonçalves Dias)

(fragmentos)

IV

Meu canto de morte,

Guerreiros, ouvi:

Sou filho das selvas,

Nas selvas cresci;

Guerreiros, descendo

Da tribo tupi.

 

Da tribo pujante,

Que agora anda errante

Por fado inconstante,

Guerreiros, nasci:

Sou bravo, sou forte,

Sou filho do Norte;

Meu canto de morte,

Guerreiros, ouvi.

 

Já vi cruas brigas,

De tribos imigas,

E as duras fadigas

Da guerra provei;

Nas ondas mendaces

Senti pelas faces

Os silvos fugaces

Dos ventos que amei.

 

Andei longes terras,

Lidei cruas guerras,

Vaguei pelas serras

Dos vis Aimorés;

Vi lutas de bravos,

Vi fortes — escravos!

De estranhos ignavos

Calcados aos pés.

 

E os campos talados,

E os arcos quebrados,

E os piagas coitados

Já sem maracás;

E os meigos cantores,

Servindo a senhores,

Que vinham traidores,

Com mostras de paz.

 

Aos golpes do imigo

Meu último amigo,

Sem lar, sem abrigo

Caiu junto a mil

Com plácido rosto,

Sereno e composto,

O acerbo desgosto

Comigo sofri.

 

Meu pai a meu lado

Já cego e quebrado,

De penas ralado,

Firmava-se em mi:

Nós ambos, mesquinhos,

Por ínvios caminhos,

Cobertos d’espinhos

Chegamos aqui!

 

O velho no em tanto

Sofrendo já tanto

De fome e quebranto,

Só qu’ria morrer!

Não mais me contenho,

Nas matas me embrenho,

Das frechas que tenho

Me quero valer.

 

Então, forasteiro,

Caí prisioneiro

De um troço guerreiro

Com que me encontrei:

O cru desasossego

Do pai fraco e cego,

Em quanto não chego,

Qual seja, — dizei!

 

Eu era o seu guia

Na noite sombria,

A só alegria

Que Deus lhe deixou:

Em mim se apoiava,

Em mim se firmava,

Em mim descansava,

Que filho lhe sou.

Ao velho coitado

De penas ralado,

Já cego e quebrado,

Que resta? —Morrer.

Em quanto descreve

O giro tão breve

Da vida que teve,

Deixai-me viver!

 

Não vil, não ignavo,

Mas forte, mas bravo,

Serei vosso escravo:

Aqui virei ter.

Guerreiros, não coro

Do pranto que choro;

Se a vida deploro,

Também sei morrer.

 

 

 

 

Agora a onda é outra: @pbhonline e a ameaça à Feira da Afonso Pena

fevereiro 3, 2011

Prefeitura de Belo Horizonte lança Edital para licitação de novos expositores da Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena.

Não sei se você que é nosso amigo, cliente, fornecedor de matéria prima está ciente do que está acontecendo na Feira de artesanato.

Peço desculpas por estar “invadindo” seu email, mas acho interessante informar às pessoas o que estamos passando diante do lançamento neste edital.

A PBH…publicou o edital e as inscrições estão abertas para qualquer pessoa que tiver interesse em expor na feira.

Até ai tudo bem, certo? Concordo que as pessoas tenham realmente a oportunidade de estar na feira desde que preencham os quesitos exigidos.

A feira foi invadida por produtos importados.

Alguns expositores , digo, muitos expositores alugam suas barracas e “aparecem” na feira para assinar a chamada e receber o dinheiro relativo ao aluguel.

Várias barracas estão recheadas de produtos industrializados.

Sabemos disto? Sim… sabemos e mais que isto: Sabemos que a prefeitura também sabe.

Sabemos que se a Prefeitura quisesse agir contra estes expositores… ela agiria .

Durante anos vamos sofrendo com as “mudanças” prometidas pela PBH.

Em época de eleição isto não acontece…afinal de contas …voto de expositor tem valor, não é?

Em época de eleição a feira é infestada por santinhos, candidatos que vão e prometem mundos e fundos.

Sei que alguns são eleitos e só volto a ouvir falar dos ditos cujos nas eleições seguintes.

Não vou citar nomes destes políticos, porque não votei em nenhum deles. Meu voto tem valor.

Eu e meus irmãos fomos criados por um marceneiro e uma professora que lutaram muito para nos educar de forma digna. Tudo o que temos e aprendemos agradecemos a eles : Mãe e pai.

Conquistamos o que toda pessoa sonha na vida: Conforto, dignidade e até bens materiais, porque não?

A feira de artesanato não é um hobby…é um meio de vida.

Só que hoje nossas conquistas podem nos tirar da feira.

De acordo com o edital a seleção será feita em duas etapas.

A primeira é simples… um questionário sócio econômico.

Simples demais, não é?

Tão simples que o candidato precisa alcançar míseros 630 pontinhos.

Resolvi fazer uma simulação e eis que… seremos REPROVADOS já na 1ª etapa.

Mas porque  reprovados?

Porque nossas CONQUISTAS geram pontos mínimos.

Ganha uma pontuação maior quem é :ANALFABETO,DEFICIENTE FÍSICO, NÃO POSSUI CASA PRÓPRIA , NÃO POSSUI VEÍCULO, DESEMPREGADO OU GANHA DE 1 A 3 SALÁRIOS MÍNIMOS.

 

Não teremos nem a “chance” de mostrar à fiscalização (2ª etapa de avaliação) que somos artesãos de fato. Que temos nossa oficina, que produzimos nossas peças e que poderíamos brigar por uma vaga na feira com tranqüilidade.

Não tenho nada contra o analfabeto, contra o deficiente físico e muito menos por pessoas que ganham aquele salário que o governo insistir em dizer que é BOM.

Quem é que estuda, trabalha e não quer alçar voos longos ?

Será que agora as coisas serão diferentes porque queremos conquistar algo?

Tenho acompanhado pela imprensa a situação da feira, mas acho que a população não está a par do que está realmente acontecendo.

Nós expositores, não somos bandidos.

Nós expositores queremos trabalhar .

Se os 27 anos de feira não valem nada … que nos deixem competir de forma digna. Que nos deixem conquistar a vaga pelos nossos méritos. Não tenho medo de ter que provar o que fazemos, como fazemos, pois fui criada dentro de uma oficina com muito orgulho.

Quero esclarecer que não sou contra a licitação e sim contra este edital feito na calada da noite que considero discriminatório, autoritário e cheio de preconceitos.

Existe hoje uma situação de pânico coletivo na feira… nas famílias destes expositores, pois no fundo estamos sendo ameaçados.

Tomei esta atitude em escrever a vocês porque este caso precisa ser divulgado, ser mostrado para a população o que está realmente acontecendo. Infelizmente não vi ainda representatividade à altura dos artesãos na imprensa. O que estou vendo são briguinhas e ofensas entre expositores que nem neste momento difícil se unem para lutar por algo que nos interessa. Não adianta atacar o prefeito em cima dos problemas pessoais dele…Não adianta falar abobrinhas citando uma emissora de TV que é poderosa.Não adianta criticar jornal que circula pela cidade. O foco principal neste momento é a luta para continuarmos na feira. Que a licitação seja feita, mas que a análise seja justa com quem conquistou algo.

Já que tomei a liberdade de lhe enviar este verdadeiro “testamento”…se você puder, se tiver um tempinho, repasse este email aos seus amigos. Gostaria que a população tomasse conhecimento dos fatos.

Estamos marcando uma reunião no sindicato dos jornalistas (Av. Alvares Cabral, 400, Centro), nessa quinta feira dia 3, as 15:00, para construir um coletivo em defesa da cultura de BH e acompanhamento aos atos do prefeito.

Favor divulgar para os demais.

O maior evento de BH (ou sobre a hipocrisia de Márcio Lacerda)

janeiro 17, 2011

A hipocrisia dos atuais “dirigentes” da Prefeitura de Belo horizonte, digo o secretário Josué Valadão e o próprio prefeito Marcio Lacerda, chegou ao extremo. Não há um mínimo de coerência por parte desses senhores em relação aos costumes da cidade.

Perguntamos: será que realmente moram em Belo Horizonte? Se não, vejamos: tentaram acabar com as mesas e cadeiras dos bares da cidade, mas voltaram atrás; tentaram acabar com o FIT em 2010, mas voltaram atrás; mentiram em relação ao incentivo as escolas e blocos de samba (concretamente, não incentivam o Carnaval); tentaram acabar com os eventos na praça da Estação, mas voltaram atrás para privilegiar uma grande emissora de televisão no fim do ano; desmobilizaram a Arena da Cultura, enfraquecendo a Fundação Municipal da Cultura. O maior evento nacional da música, em 2010, elaborado pelo Ministério da Cultura, [o Feira Música Brasil] só obteve êxito pelo empenho de seus produtores, pois o apoio da prefeitura foi ínfimo.

Somos 2.336 expositores, atraímos mais de 80 mil pessoas todos os domingos (dias normais da feira; em datas festivas, são mais de 120 mil compradores), sendo cerca de 6 mil pessoas de fora de Belo Horizonte. Abastecemos as milhares de lojas de artesanato espalhadas pelo Brasil e por todo o mundo com as vendas por atacado. Geramos 11 mil empregos diretos e mais de 25 mil indiretos.

Somos a maior feira a céu aberto da América Latina. Ademais, a feira está se modernizando e se formalizando – os expositores, além de formarem núcleos de produção familiar, hoje, já buscam abrir empresas, legalizando sua atividade conforme a legislação.

Arrecadamos mais de R$ 50 mil, mensalmente, em taxas e vamos passar a pagar, no ano de 2011, cerca de R$ 150 mil mensais, com o aumento proposto pela prefeitura.

Imagine o leitor: se fosse o administrador da cidade, o que faria? Potencializaria a feira, fazendo publicidade, proporia cursos de qualificação em parceria com o Sebrae ou tentaria fazer o que eles estão fazendo?

Em suma, o processo seletivo não se faz necessário, pois ele é mais um mecanismo da prefeitura para desqualificar a feira. Os critérios de seleção não são justos, pois privilegiam padrões socioeconômicos e não a qualidade dos produtos e os dotes artísticos do expositor. Um exemplo disso é que fica fácil uma pessoa com menor poder aquisitivo vencer esse processo do que um artista que já possui alguns bens, como casa própria e carro.

Acredito que o foco da questão seja político e, por isso, está sendo feito dessa forma.

Publicado no OTEMPO Online.

PBH autoriza desapropriações para construir anexo da Câmara Municipal

janeiro 7, 2011

Curiosamente, este post foi removido do blog, no dia 11 de janeiro de 2011. Ele foi restaurado como artigo visível a quem visita o blog. A informação pode também ser encontrada aqui (no portal do jornal Estado de Minas). O mínimo de bom-senso pede que seja respeitado o caráter público destas postagens, mantendo-as visíveis a quem acessa esse meio. Se quer aprender a usar o blog, ajudar na sua manutenção, as orientações estão no primeiro post da primeira página.

Luther Blissett agradece.

Por Ezequiel Fagundes

Fonte: Estado de Minas

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) autorizou, por meio de decreto assinado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), a desapropriação imediata de seis terrenos para a construção de um anexo da Câmara Municipal e a ampliação do estacionamento privativo dos vereadores e servidores do legislativo da capital. O anúncio, decretando de utilidade pública os imóveis localizados nas ruas Tenente Anastácio Moura e João Ribeiro, do lado direito da entrada principal da Câmara, no Bairro Santa Efigênia, foi publicado na edição de 29 de dezembro do Diário Oficial do Município (DOM), a pedido da Mesa Diretora da Casa.

Pelo decreto, as desapropriações poderão ser feitas mediante acordo ou processo na Justiça. Atualmente, a Câmara Municipal abriga cerca 1,5 mil servidores, entre efetivos, estagiários, comissionados e terceirizados em um confortável prédio de três andares, dividido em dois blocos. Cada um dos 41 vereadores tem direito de nomear até 12 assessores em cada gabinete. A verba pública para custear as expansões não foi divulgada. Donos dos imóveis citados no decreto, porém, estão indignados com a iniciativa e não aceitam sequer sentar na mesa para negociar possíveis valores de indenização das desapropriações.

Moradores recorrem à Justiça contra desapropriação autorizada pela PBH

Defensor da obra, o novo presidente da Câmara de BH, vereador Léo Burguês (PSDB), informou ontem que já vai contratar uma empresa para fazer os projetos de engenharia e arquitetura do prédio e do estacionamento.

Depois de pronto, o empreendimento será executado pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). A intenção é que o espaço possa ser usado para a construção de novos gabinetes de vereadores. De acordo com o tucano, dentro de cinco anos o número de parlamentares deve aumentar em razão do crescimento populacional da capital, conforme interpretação da Constituição pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Mudança

Inicialmente, segundo o vereador, os terrenos poderão ser usados pela escola do Legislativo e pelas comissões temáticas, que seriam remanejadas do atual prédio, localizado na Avenida dos Andradas, além de aumentar significativamente o número de vagas do estacionamento. ? Existe a necessidade dessa obra, a cidade cresceu muito nos últimos anos e a estrutura do Legislativo ficou defasada. É um problema antigo e crítico, principalmente, em relação ao estacionamento. Diariamente, o entorno da Casa está cheio de veículos?, justificou.

O próximo passo, segundo o departamento jurídico da Sudecap, será a realização da medição dos seis terrenos, onde hoje funciona um estacionamento e oficina, uma empresa de peças industriais além de quatro imóveis residenciais, todos eles ocupados pelos donos e inquilinos.
Depois da medição, técnicos do órgão farão uma pesquisa de valor de mercado dos imóveis com consultores de mercado e moradores da região.

Comentário de “alguem”

O anexo devia ser ao lado da penitenciária Nelson Hungria, lugar mais apropriado para os bandidos tipo Cabo Julio, Hugo Thome, Iran Barbosa, Leo Burgues, João Victor Xavier…

Jornal dos Amigos