Localizada na região central de Belo Horizonte, a Kasa Invisível é uma
ocupação que resiste há cinco anos como um espaço anticapitalista,
autônomo e horizontal. O imóvel foi construído em 1938 e estava
abandonado há 20 anos quando um coletivo começou a ocupá-lo em 2013.
Atualmente, a Kasa é um ponto de resistência na capital mineira com
portas abertas para oficinas, palestras, apresentações artísticas,
exibição de filmes, feiras, dentre diversas outras atividades gratuitas.
Além disso, o espaço também conta com a Biblioteca Invisível e a Loja
Grátis, onde qualquer pessoa pode pegar e doar roupas, sapatos, bolsas e
etc.
Apesar das diversas atividades organizadas no ambiente, a Kasa Invisível não se trata de apenas um espaço cultural. Atualmente, a ocupação também serve de moradia para duas famílias, que contam com adultos e crianças. Além disso, os integrantes do coletivo responsável por sua gestão também se revezam em estadias curtas com o objetivo de atuar na manutenção, organização e cuidado do espaço.
No início de 2018, a família que abandonou o imóvel foi até a Kasa Invisível, acionou a polícia e realizou um boletim de ocorrência sobre a ocupação do espaço. O coletivo ainda não possui um processo em andamento, mas está mobilizando outras organizações e espaços que se solidarizam com a proposta do local para unir forças e resistir contra uma possível ordem de despejo.
*O coletivo*
A Kasa Invisível é gerida por um coletivo que segue os princípios de anticapitalismo, anti-estado, autonomia, autogestão, apartidarismo com tendências anti-partidárias, horizontalidade, ação direta e pluralismo. Os integrantes são estudantes, professores, artistas e trabalhadores de outras áreas. Por meio da cooperação mútua, o coletivo se divide em Grupos de Trabalho (GT) – referente a atividades permanentes, como comunicação, financeiro, jurídico e infraestrutura – e Grupos de Projeto (GP) – que está relacionado às ações temporárias, como organização de debates, feiras, oficinas e festas. Alguns dos grupos são abertos a pessoas que se interessam pelas atividades, como é caso do GT Cine Invisível, outros são fechados para integrantes do coletivo por motivos de segurança.
Todas as atividades realizadas na Kasa Invisível são de entrada gratuita. Por isso, a arrecadação de recursos é feita por meio de doações, parceria com cooperativas da cidade e vendas nas festas que acontecem no espaço.
*A ocupação*
Iniciada em 2013, a ocupação da Kasa Invisível tem forte referência aos squatts, às okupas e aos centros sociais anarquistas da Europa e das Américas. Tratam-se de casas e prédios urbanos posicionados em pontos estratégicos ocupados por grupos que os transformam em moradias, centros sociais e culturais de resistência. O princípio utilizado é o de ação direta – os grupos não dependem da atuação de políticos, leis ou qualquer instituição de poder para iniciar o uso coletivo de um espaço que estava abandonado por conta de desvalorização ou especulação imobiliária. A partir disso, atribui-se função social e sentido a um espaço que estava esquecido e negligenciado, tornando-o útil para a comunidade.
O próprio nome da ocupação já explica a sua estratégia inicial: a invisibilidade. O coletivo responsável por gerir o espaço não possui até hoje o suporte de partidos, empresas, editais ou qualquer financiamento público e privado. Por isso, preferiu ocupá-lo silenciosamente por anos, realizando reformas em sua estrutura e as organizações necessárias para possibilitá-lo de receber suas atividades atuais. A proposta da invisibilidade ocorreu principalmente porque no ano da ocupação diversos movimentos sociais, principalmente os anarquistas, autônomos e libertários estavam sendo duramente reprimidos pelos aparatos estatais. Assim, o mais estratégico no momento era manter a ocupação o mais longe possível dos olhos de quem poderia reprimi-lo e não torná-lo possível antes mesmo de ser possível habitá-lo.
Porém, ao longo do processo, o coletivo percebeu que a invisibilidade da Kasa poderia prejudicá-la em meio a um possível processo de reintegração de posse. Por conta disso, quando o espaço já estava minimamente estruturado e pronto para receber atividades, a Kasa foi aberta e divulgada para a comunidade. Desde 2016, quando a proposta do espaço passou a ser o da visibilidade, a ocupação vem acumulando apoio externo e vários eventos em seu histórico. Atualmente, o coletivo conta com o apoio da comunidade, vizinhança e outros movimentos sociais, além de suporte jurídico.
*Situação jurídica*
De modo geral, toda ocupação considerada ilegal está em constante ameaça por parte do Estado, dos antigos proprietários e da própria justiça. Por isso, apesar do espaço já poder ser considerado posse legítima do coletivo gestor por meio do direito de usucapião, a Kasa Invisível sempre esteve em risco de uma possível ordem de despejo.
Recentemente, o espaço recebeu o alerta extrajudicial de pessoas que se dizem proprietárias do imóvel. Apesar de ainda não ter recebido nenhuma notificação legal, o coletivo, já assessorado juridicamente, mobiliza e conta com seus apoiadores para um possível chamado de urgência para resistir ao despejo.
A Kasa Invisível está localizada na Avenida Bias Fortes, número 1034, centro de Belo Horizonte – MG.
Mais informações sobre a ocupação podem ser acessadas através da página no We (we.riseup.net/casainvisivel), Facebook (fb.com/kasainvisivel) e Instagram (instagram.com/kasainvisivel). Para entrar em contato, envie email para kasainvisivel@riseup.net.