Archive for 16 de fevereiro de 2010

Mais escritos sobre banalidades e sobre cidades

fevereiro 16, 2010

O texto postado a seguir apresentou uma divulgação do chamado para o Eventão na praça. Pode contribuir com o blog.

Viva a Babilônia!

Vejam que as coisas continuam se aquecendo. Dentre outras iniciativas, chamam para a construção de uma espécie de jornada de atividades na Praça da Estação. Há mais de um mês que o assunto tem sido tópico de várias discussões, na rede ou nos encontros perambulantes por aí – nas ruas, espaços, festas etc.

Além das quatro Praias – que têm sido as ocupações da praça com mais notoriedade midiática -, a Praça da Estação vem abrigando ainda encontros outros, nos formatos que cabem às pessoas dispostas. Saraus, encontros para produção de materiais gráficos, trocas de oficinas, rodas de capoeira, bate-papo… Enfim, uma onda específica que evoca, no seu básico, a necessidade de ocupar a cidade e gozá-la, que jorra questionamentos com “criatividade”, e que quer, ao mesmo tempo, dificultar o trabalho dos que vivem de expropriar espaços e manejá-los sozinhos. Nada mais que fermentar a quebra de um tabu difundido, desde a fundação de BH, entre a maioria dos seus moradores – algo que se sustenta a partir da própria história que veio sendo construída por aqui, há pouco mais de 100 anos: histórias da tranquilidade de nossas tocas, casas e redutos; histórias que raramente se fizeram sair rumo a espaços abertos da cidade para neles instituir meios de discussões, perguntas e tentativas de ações, frustradas ou não; para significá-lo segundo critérios de quem o legitima estando nele, de várias formas. O tema do “público” não se reduz a mera questão de gestão. Diz respeito a como andam nossas vidas numa cidade que queremos vivenciar.

O tabu: encontrar e conversar nas ruas, inclusive sobre os problemas que são nossos. É fácil pensar que isso reforça atitudes como a que quis passar o cabresto na praça, vindas das mãos dos que compõem, há muito tempo, as cadeiras dos carrascos dessas terras. Podemos pensar no quanto tudo isso representa algum tipo de guinada muito peculiar, pois além de fechar tudo que é espaço “cultural” de BH, o senhor prefeito e comparsas têm as estúpidas condutas de quem se vê como donos da cidade. Cremos que não mais, não mais… Pois o que faz disso tudo parte de um contexto especial é justamente o modo como o ambiente das ruas tem sido tomado sem muitas restrições, de um modo festivo, lúdico e ativo. E mais: pelas NOSSAS questões.

Parece que a ditadura da vigília e da higiene-no-branco deixou de passar despercebida, pelo menos numa das escalas dessas ocupações. Essas ondas não morrem na praia. Pelo contrário, querem se alastrar, tomar espaços, incomodar aqueles que estão bem acomodados em seus gabinetes de gestores, sem querer diálogo com ninguém, aparecendo tão-somente nas figuras da polícia e das guardas e dos decretos.

Fonte: diasemcompras.wordpress.com