Praça cercada. COMO É?

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Acreditem! essa imagem acima é de uma senha distribuída ontem para assistir ao espetáculo DE RUA Ka@smos, realizado na abertura do FIT BH.

Senha? Mas como assim? O espetáculo não é de rua?

É isto mesmo, contrariando os princípios de uma apresentação de espetáculo teatral de RUA, que é feita para as pessoas que estão transitando pela cidade, para dialogar com o espaço público, para causar a surpresa das pessoas: estar na rua e se deparar com um espetáculo, com o inusitado, para mudar o cotidiano, papel da arte diríamos.

Pois bem, não foi o que aconteceu na abertura do FIT, na Praça da Estação (local público da apresentação) havia uma cerca e uma portinha controlando a entrada das pessoas na Praça. COMO ASSIM CONTROLANDO A ENTRADA DAS PESSOAS NA PRAÇA? A PRAÇA NÃO É PUBLICA? Aí para assistir a um esptetaculo teatral De RUA as pessoas formaram uma longa fila para entrar na Praça da Estação. COMO ASSIM ENTRAR NA PRAÇA DA ESTAÇÃO?????

É uma pena ver a Praça da Estação, local público de BH, cercada e com muitos seguranças vestidos de ternos pretos.

E a PRAÇA DA ESTAÇÃO que já abrigou dezenas de espetáculos MA-RA-VI-LHO- SOS de outras edições do FIT, com adesão em massa da população de Belo Horizonte, que podia ocupar a praça de maneira livre, descontraída, levadas pela emoção e pela beleza dos espetáculos, pela alegria que sempre contagiou a todos durante o FIT.

Ao contrario, ontem [quinta] vi a população comportadamente esperando uma senha e entrando numa fila, para entrar na praça da estação e assistir a um espetáculo que aconteceu a 30 metros de altura.

Os locais públicos são os locais da descontração, do encontro, da liberdade, não dá para formalizar o espaço público como se fosse um espaço fechado, assim podemos levar os espetáculos de rua para o Palco, não vai fazer diferença.

Obviamente que uma cerca separa, inibe, exclui… … não tenham dúvidas disso…e ainda fica mais caro pois tem que alugar toda a estrutura etc.

E ai ficam as questões:

Aquela cerca na Praça da Estação, para a apresentação de um espetáculo de rua, separa quem de quem?

Qual é realmente a sua finalidade? Se é para impedir que pessoas entrem na praça e estraguem o “Patrimônio Público”, sugiro que a próxima abertura do FIT seja transmitida pela TV, ai não há o perigo de desarrumar a Praça.

Que pena, gostaria de deixar meu lamento, parabenizar o rapaz que num momento de raiva e coragem chutou a cerca gritando: TIRA ESSA CERCA. A PRAÇA É DO POVO!!!!!! Mas claro, foi rapidamente contido, agressivamente, pelos seguranças vestidos de preto.

Saudades do tempo em que podíamos ver um espetáculo de rua preocupando- nos somente com o prazer do espetáculo e não com pegar uma senha e entrar numa fila como se estivesse num banco, no SUS, no INSS ou num setor burocrático da PBH…

Patrícia Matos

8 Respostas to “Praça cercada. COMO É?”

  1. Poola Serca Says:

    Eu pulei. Desacreditei. E pedi ao segurança que tentou me impedir que entregasse ele mesmo o bilhete aos porteiros. Foi uma das aberturas do FIT mais vazias que presenciei. Mesmo com o atraso, com toda a pompa e excesso de expectativas, tinha fila pra atrasar a vida de tão pouca gente. Tem um texto aqui nesse blog dizendo que a praça não é pra ser tocada. Como discordar?

  2. Omar Motta Says:

    O mais nonsense é pensar uma praça que tem entrada e saída. Controlar o número de habitantes numa praça é o cúmulo, colocar cercas então, nem e fala.

  3. Juca Says:

    Na boa aí!
    Tô cada dia mais triste com a nossa cidade.
    É de verdade, tô triste mesmo.

  4. tibeiça Says:

    Belo Horizonte é a cidade das empreiteiras que ganham com as obras faraônicas desnecessárias que cobrem rios e derrubam bairros, associada à máfia das empresas de transporte que se beneficiam desta lógica que beneficiam o transporte individual e impedem a ampliação do metrõ. BH tem donos e não são os Belorizontinos comuns. as praças tem donos e não somos nós.Devolva-nos a rua
    > Primeiro Tiraram a rua das crianças,
    > vencidos pela violencia,
    > dizendo vencer a violência,
    > e,
    > o que é pior,
    > dizendo tirar crianças da rua!
    > Agora cercam praças
    > ditas públicas
    > para garantir que
    > somente os que se interessam por teatro
    > vejam teatro!
    >
    > TIBEIÇA
    >

  5. Grazi Medrado Says:

    É realmente lamentável e vergonhoso. Minha forma de “protesto” foi me retirar. Gostaria que todos tivessem feito o mesmo. Assim, talvez, alguma coisa mudasse. Afinal, uma praça vazia e um espetáculo estrangeiro à 30 metros de altura em pleno FIT (um dos maiores festivais do Brasil, coberto pela Rede Globo), vazio, daria com certeza o que falar. Já que nossa voz parece não ser muito ouvida…
    É muito triste ver nossa cidade, nosso povo, passar por isso.

  6. Saudosista Says:

    Já foi o tempo em que podíamos ver um teatro de rua sem a presença e a pressão de engravatados-mal-humorados te olhando torto.

  7. tibeiça Says:

    É preciso suspeitar das intenções preservacionistas de nosso repugnante prefeito quanto ao caso pç da estação. O grande pátio que vem sendo cercado para eventos não tem maiores riscos de depredação, já que é todo em estrutura robusta e os poucos pontos onde isto poderia acontecer são fáceis de vigiar. A parte mais frágil nem comporta grandes eventos pois possui jardins e um desenho irregular, sem grandes espaços vazios. Fico imaginando se o que o motivou não foi mais um contrato de segurança ou de cercas de metal, que pode beneficiar seus parceiros. Se esta hipótese for verdadeira temos o consolo de pensar que não temos um prefeito burro!!!

  8. Um mar além da Praia | Ah!Cidade Says:

    […] O decreto, como ele foi promulgado, já caiu. Mas aí você me pergunta “então por que a movimentação continua?”. Simples: porque veio outro decreto no lugar, que atribui uma taxa mínima de R$ 9.600,00 para utilização da Praça da Estação. Praticamente um aluguel. A queda do primeiro decreto, como observa o estudante de Direito Bernardo Souza, poderia acalmar os ânimos daqueles que se viram “alijados das questões relativas ao uso do referido espaço”. Para Bernardo (cuja opinião vai ao encontro da de muitas pessoas na cidade), a atual gestão municipal, “na contra-mão do processo de participação popular acentuado a partir de 1992 [início do mandato de Patrus Ananias], prefere excluir o cidadão das decisões que potencialmente ferem a interação deste com a cidade em que vive, em uma diretriz excludente que privilegia apenas os grupos econômicos mais poderosos e as classes mais abastadas”. A fala do futuro bacharel me fez lembrar de episódios como o quiproquó do FIT, Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua, que quase não aconteceu em 2010 – e, por pressões da rede cultural belorizontina, acabou acontecendo. Um dos palcos foi a própria Estação, só que, para ver os espetáculos, você precisava pegar uma senha para ter acesso à praça pública. […]

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