Pulando a cerca

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[publicado no site do Guia Entrada Franca]

Pessoas circulando,  monumentos protegidos, palco montado, o cenário seria o ideal, se não tivesse grades limitando o acesso ao espaço. Essa cena pôde ser vista no último final de semana na praça da Estação. A Praça , desde maio, voltou a receber shows novamente. Após a manifestação da comunidade de Belo Horizonte, o decreto que proibia os eventos na Praça foi revogado, e no mesmo dia, um outro, que estabelece altos valores para a realização de eventos no local foi instituído. De lá  para cá, recebeu  a transmissão da Copa, o Arraial de Belô e até o FIT. Nesse fim de semana, ela voltou a ser ocupada por um evento organizado pela sociedade civil, o Transborda. Mas um fator preocupa, desde revogação do decreto, quem participa dos eventos acontecidos no local se depara com grades. É certo cercar todo o espaço limitando o acesso do público? O questionamento aqui não é das cercas que protegem os jardins e os monumentos, mas sim da cerca montada ao redor da praça, que restringe a circulação e o acesso de todos a esse bem público.

Se a praça é pública, por que limitar o acesso a ela durante um evento gratuito? Dessa forma ela está sendo realmente ocupada? Se o objetivo da realização do evento em um local público, é atuar na formação de público, na democratização do acesso a cultura, essa não pode ser uma barreira que intimida as pessoas que circulam pelo local e teriam vontade de “entrar”? Qual a melhor forma de utilizar um espaço público, protegendo-o de possíveis depredações, sem, no entanto, limitar o livre acesso da comunidade?

Essas questões são relevantes para um processo de democratização da cultura e ocupação do espaço público. Não se pode deixar a discussão morrer, devemos continuar a pensar, com a mesma criatividade e humor, da Praia da Estação, ações que discutam e proponham políticas para se ocupar plenamente, com a cultura, Praça e a cidade.

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